Credo in Unam, Sanctam, Cathólicam et Apostólicam Ecclésiam

"Na presença dos Anjos ei de cantar-Vos e adorar-Vos no vosso santuário."
(Salmo 137, 1)

terça-feira, 22 de novembro de 2016

A Propósito da Notícia do Papa Alargar a Absolvição do Aborto a Todos os Sacerdotes




Fui durante algum tempo missionária na missão Mãos Erguidas, criada pela Exma. Senhora Leonor Castro, a porta da Clínica dos Arcos, em Lisboa. Tive neste lugar alguma experiência sobre o enorme desespero das mulheres que recorrem ao abortório por uma solução que no momento acreditam ser acertada.

Essas mulheres depois passam por um excruciante sofrimento que muitas vezes levam por toda a vida. Por isso é uma medida louvável a que o Papa Francisco tomou, facilitando o perdão das mulheres que fizeram aborto mas, arrependidas, recorrem ao sacramento da confissão.

"Não existe algum pecado que a misericórdia de Deus não possa alcançar e destruir", escreveu o Papa Francisco na carta apostólica "Misericórdia e Mísera".

Anteriormente uma mulher nessa situação teria que recorrer ao Bispo para poder se confessar, por causa da gravidade de seu pecado. Agora, todos os padres poderão receber essa mulher e dá-lhe a absolvição, desde que haja arrependimento e acolhê-la na Igreja.

Mas atenção! Não se trata, porém, de uma banalização do assunto, ou de um passo para a aprovação do aborto pela Igreja. O aborto continua sendo um pecado grave, o assassinato de um ser humano inocente.

De acordo com o Catecismos da Igreja Catolica, a partir da concepção, existe um novo ser e Deus infunde nesse ser uma nova alma (CIC 366). Por isso o aborto é um pecado grave contra o 5º. Mandamento “Não Matarás”.

Porém, se Você Mulher, cometeu esse ato e está arrependida, não sofra sozinha, em silêncio. Procure ajuda! Procure o Perdão de Deus, com o Padre de sua paroquia, não tenha medo, nem vergonha!

Jesus revelou a Santa Faustina o que diz a alma pecadora:

Jesus: Alma pecadora, não tenhas medo do teu Salvador, Eu sou o primeiro a aproximar-Me de ti, pois sei que por ti mesma não és capaz de te elevar até Mim. Filhinha, não fujas de Teu Pai, dispõe-te a dialogar a sós com o teu Deus de misericordia, que quer dizer-te palavras de perdão e cumular-te com graças. Oh, como me é querida a tua alma! Increvi-te nas Minhas mãos e gravada estás como chaga profunda no Meu Coração.

Esse é o nosso Deus de Misericordia e Amor!

Exitem dentro da Igreja grupos de apoio como a Vinha de Raquel , por exemplo, que acolhe mulheres nessa situação.

“Ninguem esquece um filho que não nasceu!”

Leia a noticia em:


sábado, 27 de agosto de 2016

De onde viemos? Para onde vamos?


Essa é uma das perguntas mais fundamentais do ser humano, por causa dessa pergunta surgiu a filosofia. Porém qual resposta a Igreja Católica tem para esse questionamento?

De onde viemos?

Sabemos de onde vem o corpo humano, foi gerado por seus pais, mas e a alma?

A Igreja ensina que cada alma humana foi diretamente criada por Deus. Não foi produzida por seus pais e é imortal (CIC 366). Essa alma é infundida no corpo no exato momento da concepção.

Existem teorias filosóficas sobre a criação das almas:

- Preexistencialismo: acreditam numa preexistência das almas, isto é, as almas são por si espíritos incorpóreos e foram todas criadas por Deus no início da criação. Deus teria então um estoque de almas que se uniria ao corpo no momento da concepção. Essa idéia não é aceita pela igreja e está geralmente ligada a pessoas que acreditam em reencarnação.

. Traducionismo: defesa da idéia de que as almas são transmitidas pelos pais aos filhos de modo semelhante à transmissão do corpo. A alma teria sido criada por Deus, em Adão e Eva, mas as outras almas seriam transmitidas de pais para filhos. Essa tese foi recusada pela igreja como herética.

- Criacionismo: Nós católicos acreditamos então na teoria criacionista na qual a alma racional é criada por Deus e infundida no corpo no mesmo instante da concepção. Portanto Deus continua a criar almas humanas e os casais, chamados a dar vida, são cooperadores do amor de Deus criador (CIC 2367). Na Biblia encontramos várias passagens que dão respaldo a essa teoria como, por exemplo, Eclesiastes 12:7; Isaías 42:5; Zacarias 12:1; Hebreus 12:9.

Para onde vamos?

A alma não desaparece quando se separa do corpo na morte, ela viverá eternamente. A alma humana é ordenada para Deus e destinada à bem aventurança eterna. (CIC 1711) Livre das amarrar do corpo mortal e das ilusões do mundo voa para o seu maior objetivo, busca retornar ao seu Criador. Infelizmente algumas almas não conseguirão entrar no Céu, a morada de Deus, porque durante sua vida optaram, com o seu livre abítrio, se afastar da luz, do bem e do amor de Deus.

Portanto o ser humano foi criado por Deus e para Ele quer retornar, para preencher a sua sede original pela felicidade que somente em comunhão com Deus obterá: “quando eu estiver inteiramente em Vós, nunca mais haverá dor e provação; repleta de Vós por inteiro, minha vida será verdadeira.”(Santo Agostinho, Confissões, 10, 28, 39).



sexta-feira, 26 de agosto de 2016

O "Fim dos Tempos": Nossa Senhora explica os sinais e como se estão a realizar nos nossos dias


Mensagens de Nossa Senhora
aos Sacerdotes, Seus filhos predilectos,
através do Pe. Stefano Gobbi
(1973-1997)

Rubbio (Itália), 31 de Dezembro de 1992,
Última noite do ano.


«Deixai-vos educar docilmente por Mim, filhos predilectos.
Nesta última noite do ano, recolhei-vos em oração e na escuta da palavra da vossa Mãe Celeste, Profetisa destes últimos tempos.
Não passeis estas horas no barulho e na dissipação, mas no silêncio, no recolhimento, na contemplação.
Já vos anunciei várias vezes que se aproxima o fim dos tempos e a vinda de Jesus na glória. Quero agora ajudar-vos a compreender os sinais descritos na Sagrada Escritura, que indicam já estar próximo o seu glorioso retorno.
Estes sinais são claramente indicados nos Evangelhos, nas Cartas de S. Pedro e de S. Paulo e estão a realizar-se nestes anos.

O primeiro sinal é a difusão dos erros, que levam à perda da fé e à apostasía.
Estes erros são difundidos por falsos mestres, por célebres teólogos que já não ensinam a verdade do Evangelho, mas sim perniciosas heresias, baseadas em raciocínios humanos e errados.
É por causa do ensino dos erros que se perde a verdadeira fé e se difunde por toda a parte a grande apostasía.
“Tomai cuidado para que ninguém vos engane. Porque virão muitos e hão-de enganar muita gente. Surgirão falsos profetas que hão-de enganar a muitos” (cf. Mt 24,4-5.11).
“O Dia do Senhor não virá sem que primeiro venha a grande apostasía” (cf. 2Tes 2,3).
“Surgirão entre vós falsos mestres. Estes tentarão difundir heresias perniciosas e voltar-se até contra o Senhor que os salvou. Muitos os ouvirão e levarão, como eles, uma vida imoral e, por sua culpa, a fé cristã será desprezada. Movidos pela cobiça, hão-de enganar-vos com raciocínios erróneos” (cf. 2Pe 2,1-3).

O segundo sinal é o rebentar de guerras e de lutas fratricidas, que levam ao predomínio da violência e do ódio e a um resfriamento geral da caridade, ao mesmo tempo que se hão-se tornar cada vez mais frequentes as catástrofes naturais, como epidemias, fomes, inundações e terramotos.
“Quando ouvirdes falar de guerras e de rumores de guerras, não vos assusteis: é necessário que isto aconteça. Há-de erguer-se povo contra povo e reino contra reino, e haverá fomes e terramotos em diversas regiões. Tudo isto será apenas o início de sofrimentos maiores. O mal estará tão difundido que o amor se resfriará em muitos. Mas Deus salvará aquele que perseverar até ao fim” (cf. Mt 24,6-13).

O terceiro sinal é a sangrenta perseguição daqueles que se mantêm fiéis a Jesus e ao seu Evangelho e permanecem firmes na verdadeira fé. Entretanto o Evangelho será pregado por toda a parte do mundo.
Pensai, filhos predilectos, nas grandes perseguições que sofre a Igreja e no zelo apostólico dos últimos Papas, sobretudo o meu Papa João Paulo II, em levar a todas as nações da terra o anúncio do Evangelho.
“Sereis presos, perseguidos e mortos. Sereis odiados por minha causa. Então, muitos abandonarão a fé, odiar-se-ão e atraiçoar-se-ão uns aos outros. Entretanto a mensagem do Reino de Deus será proclamada em todo o mundo; todos os povos deverão ouvi-la. E então virá o fim [da idade]” (cf. Mt 24,9-10.14).

O quarto sinal é o horrível sacrilégio cometido por aquele que se opõe a Cristo, isto é, pelo anticristo. Entrará no Templo santo de Deus e sentar-se-á, no seu trono, fazendo-se adorar ele mesmo como Deus.
“Levantar-se-á contra tudo aquilo que os homens adoram e que leva o nome de Deus. O homem iníquo virá com o poder de Satanás, com toda a força de falsos milagres e falsos prodígios. Usará de toda a espécie de engano maligno para fazer o mal” (cf. 2Tes 2,4-9).
“Vereis um dia no lugar santo aquele que comete o horrível sacrilégio de que falou o profeta Daniel. Quem lê procure compreender” (cf. Mt 24,15).
Filhos predilectos, para compreenderdes em que consiste este horrível sacrilégio, lede o que é predito pelo profeta Daniel:
“Vai, Daniel, estas palavras estão escondidas e seladas até ao tempo do fim. Muitos serão purificados, tornar-se-ão cândidos e íntegros, mas os ímpios continuarão a agir impiamente. Nenhum dos ímpios entenderá estas coisas, mas os sábios compreendê-lo-ão. Ora, desde o tempo em que for abolido o sacrifício quotidiano e se instalar a abominação da desolação, haverá mil duzentos e noventa dias. Bem-aventurado aquele que esperar com paciência e chegar aos mil trezentos e trinta e cinco dias” (cf. Dn 12,9-12).
A Santa Missa é o sacrifício quotidiano, a oblação pura que é oferecida ao Senhor em toda a parte, desde o nascer ao pôr-do-sol.
O Sacrifício da Missa renova o Sacrifício consumado por Jesus no Calvário. Acolhendo a doutrina protestante, dir-se-á que a Missa não é um Sacrifício, mas apenas a Santa Ceia, isto é, a recordação daquilo que Jesus fez na sua Última Ceia. E assim será suprimida a celebração da Santa Missa. É nesta abolição do Sacrifício quotidiano que consiste o horrível sacrilégio realizado pelo anticristo, cuja duração será de cerca de três anos e meio, isto é, de mil duzentos e noventa dias.

O quinto sinal é constituído por fenómenos extraordinários que aparecem no firmamento do céu.
“O sol escurecer-se-á, e a lua perderá a sua luz, as estrelas cairão do céu e as potências do céu serão abaladas” (cf. Mt 24,29).
O milagre do céu ocorrido em Fátima, durante a minha última aparição, pretende indicar-vos que já entrastes nos tempos em que se hão-de cumprir estes acontecimentos que vos preparam para o retorno de Jesus na glória.
“Então ver-se-á no céu o sinal do Filho do Homem. Todos os povos da terra chorarão e os homens verão o Filho do Homem vir sobre as nuvens do céu com grande poder e glória” (cf. Mt 24,30).

Meus predilectos e filhos consagrados ao meu Coração Imaculado, quis esclarecer-vos sobre estes sinais que Jesus vos indicou no Evangelho, para vos preparar para o fim dos tempos, porque eles estão a realizar-se nos vossos dias.
O ano que se encerra e aquele que se abre fazem parte do tempo da grande tribulação durante a qual se difunde a apostasía, se multiplicam as guerras, sucedem em muitos lugares catástrofes naturais, se intensificam as perseguições, o anúncio do Evangelho é levado a todos os povos, fenómenos extraordinários acontecem no céu e se aproxima cada vez mais o momento da plena manifestação do Anticristo.
Convido-os então  a  permanecerdes fortes na fé, firmes na esperança e ardentes na caridade.
Deixai-vos levar por Mim e recolhei-vos todos no refúgio seguro do meu Coração Imaculado, que Eu vos prepararei precisamente para estes últimos tempos.
Lede comigo os sinais do vosso tempo e vivei na paz do coração e na confiança. Eu estou sempre convosco, para vos dizer que a realização destes sinais vos indica com certeza que está próximo o fim dos tempos, com o retorno de Jesus na glória.
“Aprendei esta parábola tirada da figueira: quando os seus ramos estão tenros e despontam as primeiras folhas, compreendeis que está próximo o Verão. Do mesmo modo, quando virdes acontecer estas coisas, sabei que a vossa libertação está próxima” (cf. Mt 24, 32-33).


Comentário do P. Duarte Sousa Lara a esta
mensagem de Nossa Senhora aos Sacerdotes, seus filhos predilectos:





segunda-feira, 22 de agosto de 2016

EUTANASIA - O que está em causa?


Nota Pastoral do Conselho Permanente da Conferência Episcopal Portuguesa

«Eutanásia: o que está em causa?
Contributos para um diálogo sereno e humanizador»

 1. As questões ligadas à legalização da eutanásia e do suicídio assistido estão em discussão na Assembleia da República e na sociedade. Como contributo para esse debate, que desejamos seja em diálogo sereno e humanizador, surge esta Nota Pastoral do Conselho Permanente da Conferência Episcopal Portuguesa sobre o que verdadeiramente está em causa1 .

2. Por eutanásia, deve entender-se «uma ação ou omissão que, por sua natureza e nas intenções, provoca a morte com o objetivo de eliminar o sofrimento»2 . A ela se pode equiparar o suicídio assistido, isto é, o ato pelo qual não se causa diretamente a morte de outrem, mas se presta auxílio para que essa pessoa ponha termo à sua própria vida. Distinta da eutanásia é a decisão de renunciar à chamada obstinação terapêutica3 , ou seja, «a certas intervenções médicas já inadequadas à situação real do doente, porque não proporcionadas aos resultados que se poderiam esperar ou ainda porque demasiado gravosas para ele e para a sua família»4 . «A renúncia a meios extraordinários ou desproporcionados não equivale ao suicídio ou à eutanásia; exprime, antes, a aceitação da condição humana perante a morte»5 . É, pois, bem diferente matar e aceitar a morte. Quer a eutanásia, quer a obstinação terapêutica, constituem uma ingerência humana antinatural nesse momento-limite que é a morte: a primeira antecipa esse momento, a segunda prolonga-o de forma artificialmente inútil e penosa.

3. De forma sintética, podemos dizer que subjacente à legalização da eutanásia e do suicídio assistido está a pretensão de redefinir tomadas de consciência éticas e jurídicas ancestrais relativas ao respeito e à sacralidade da vida humana. Pretende-se que o mandamento de que nunca é lícito matar uma pessoa humana inocente (“Não matarás”) seja substituído por um outro, que só torna ilícito o ato de matar quando o visado quer viver. Consequentemente, intenta-se que a norma segundo a qual a vida humana é sempre merecedora de proteção, porque um bem em si mesma e porque dotada de dignidade em qualquer circunstância, seja substituída por um outro critério, segundo o qual a dignidade e valor da vida humana podem variar e podem perder-se. Ora, na nossa conceção, isto é inaceitável.

4. Para os crentes, a vida não é um objeto de que se possa dispor arbitrariamente, é um dom de Deus e uma missão a cumprir. E é no mistério da morte e ressurreição de Jesus que os cristãos encontram o sentido do sofrimento. Mas quando se discute a legislação de um Estado laico importa encontrar na razão, na lei natural e na tradição de uma sabedoria acumulada um fundamento para as opções a tomar. O valor intrínseco da vida humana em todas as suas fases e em todas as situações está profundamente enraizado na nossa cultura e tem, inegavelmente, a marca judaico-cristã. Mas não é difícil encontrar na razão universal uma sólida base para esse princípio. A Constituição Portuguesa reconhece-o ao afirmar categoricamente que «a vida humana é inviolável» (artigo 24º, nº 1).

5. A vida humana é o pressuposto de todos os direitos e de todos os bens terrenos. É também o pressuposto da autonomia e da dignidade. Por isso, não pode justificar-se a morte de uma pessoa com o consentimento desta. O homicídio não deixa de ser homicídio por ser consentido pela vítima. A inviolabilidade da vida humana não cessa com o consentimento do seu titular. O direito à vida é indisponível, como o são outros direitos humanos fundamentais, expressão do valor objetivo da dignidade da pessoa humana. Também não podem justificarse, mesmo com o consentimento da vítima, a escravatura, o trabalho em condições desumanas ou um atentado à saúde, por exemplo.

 6. Por outro lado, nunca é absolutamente seguro que se respeita a vontade autêntica de uma pessoa que pede a eutanásia. Nunca pode haver a garantia absoluta de que o pedido de eutanásia é verdadeiramente livre, inequívoco e irreversível. Muitas vezes, traduz um estado de espírito momentâneo, que pode ser superado, ou é fruto de estados depressivos passíveis de tratamento, ou será expressão de uma vontade de viver de outro modo (sem o sofrimento, a solidão ou a falta de amor experimentados), ou um grito de desespero de quem se sente abandonado e quer chamar a atenção dos outros. Mas não será a manifestação de uma autêntica vontade de morrer. É, pois, uma linguagem alternativa de quem pede socorro e proximidade afetiva. A dúvida há de subsistir sempre, sendo que a decisão de suprimir uma vida é a mais absolutamente irreversível de qualquer das decisões.

 7. Em nome da autonomia, os que defendem a legalização da eutanásia e do suicídio assistido não chegam, por ora, ao ponto de pretender a legalização do homicídio a pedido e do auxílio ao suicídio em quaisquer circunstâncias. Pretendem apenas reconhecer a licitude da supressão da vida, quando consentida, em situações de sofrimento intolerável ou em fases terminais. Desta forma, atentam contra o princípio de que a vida humana tem sempre a mesma dignidade, em todas as suas fases e independentemente das condições externas que a rodeiam. A dignidade da vida humana deixa de ser uma qualidade intrínseca, passa a variar em grau e a depender de alguma dessas condições externas. Haveria, pois, situações em que a vida já não merece proteção (a proteção que merece na generalidade das situações), por perder dignidade.

8. Invocam os partidários da legalização da eutanásia e do suicídio assistido que, com essa legalização, se respeita, apenas, a vontade e as conceções sobre o sentido da vida e da morte, de quem solicita tais pedidos, sem tomar partido. Mas não é assim. O Estado e a ordem jurídica, ao autorizarem tal prática, estão a tomar partido, estão a confirmar que a vida permeada pelo sofrimento, ou em situações de total dependência dos outros, deixa de ter sentido e perde dignidade, pois só nessas situações seria lícito suprimi-la. 3 Quando um doente pede para morrer porque acha que a sua vida não tem sentido ou perdeu dignidade, ou porque lhe parece que é um peso para os outros, a resposta que os serviços de saúde, a sociedade e o Estado devem dar a esse pedido não é: «Sim, a tua vida não tem sentido, a tua vida perdeu dignidade, és um peso para os outros». Mas a resposta deve ser outra: «Não, a tua vida não perdeu sentido, não perdeu dignidade, tem valor até ao fim, tu não és peso para os outros, continuas a ter valor incomensurável para todos nós». Esta é a resposta de quem coloca todas as suas energias ao serviço dos doentes mais vulneráveis e sofredores e, por isso, mais carecidos de amor e cuidado; a primeira é a atitude simplista e anti-humana de quem não pretende implicar-se na questão do sentido da verdadeira «qualidade de vida» do próximo e embarca na solução fácil da eutanásia ou do suicídio assistido.

9. Não se elimina o sofrimento com a morte: com a morte elimina-se a vida da pessoa que sofre. O sofrimento pode ser eliminado ou debelado com os cuidados paliativos, não com a morte. E hoje, as técnicas analgésicas conseguem preservar de um sofrimento físico intolerável. Desta forma, pode afirmar-se que a eutanásia é uma forma fácil e ilusória de encarar o sofrimento, o qual só se enfrenta verdadeiramente através da medicina paliativa e do amor concreto para com quem sofre. Como afirma Bento XVI, «a grandeza da humanidade determina-se essencialmente na relação com o sofrimento e com quem sofre»6. Para além do círculo afetivo dos seus familiares e amigos, a dignidade de quem sofre reclama o cuidado médico proporcionado, mesmo que os atos terapêuticos e os analgésicos possam, pelo efeito secundário inerente a muitos deles, contribuir para algum encurtamento da vida. Neste caso, não se trata de eutanásia, pois o objetivo não é dar a morte, mas preservar a dignidade humana e a «santidade de vida», minimizando o sofrimento e criando as condições para a «qualidade de vida» possível.

10. A mensagem que, através da legalização da eutanásia e do suicídio assistido, assim se veicula tem graves implicações sociais, que vão para além de cada situação individual. Esta mensagem não pode deixar de ter efeitos no modo como toda a sociedade passará a encarar a doença e o sofrimento. Há o sério risco de que a morte passe a ser encarada como resposta a estas situações, já que a solução não passaria por um esforço solidário de combate à doença e ao sofrimento, mas pela supressão da vida da pessoa doente e sofredora, pretensamente diminuída na sua dignidade. E é mais fácil e mais barato. Mas não é humano! Neste novo contexto cultural, o amor e a solidariedade para com os doentes deixarão de ser tão encorajados, como já têm alertado associações de pessoas que sofrem das doenças em questão e que se sentem, obviamente, ofendidas quando veem que a morte é apresentada como “solução” para os seus problemas. E também é natural que haja doentes, de modo particular os mais pobres e débeis, que se sintam socialmente pressionados a requerer a eutanásia, porque se sentem “a mais” ou “um peso”. É este, sem dúvida, um perigo agravado num contexto de envelhecimento da população e de restrições financeiras dos serviços de saúde que implícita ou explicitamente se podem questionar: para quê gastar tantos recursos com doentes terminais quando as suas vidas podem ser encurtadas?

11. Não podemos ignorar que, entre nós, uma grande parte dos doentes, especialmente os mais pobres e isolados, não tem acesso aos cuidados paliativos, que são a verdadeira resposta ao seu sofrimento. A legalização da eutanásia e do suicídio assistido contribuirá para atenuar a consciência social da importância e urgência de alterar esta situação, porque poderá ser vista como uma alternativa mais fácil e económica. 12. Com esta Nota Pastoral, apelamos à consciência dos nossos legisladores. Mas também sabemos que uma grande percentagem dos nossos concidadãos afirma aprovar a legalização da eutanásia e do suicídio assistido. Estamos convictos de que muitos o fazem sem a consciência clara do que está verdadeiramente em causa. Daí a importância de um vasto trabalho de esclarecimento para o qual queremos dar o nosso contributo. No Ano Jubilar da Misericórdia, recordamos que esta nos leva a ajudar a viver até ao fim. Não a matar ou a ajudar a morrer.

Fátima, 8 de março de 2016

1 Sugerimos também a leitura da Nota Pastoral da Conferência Episcopal Portuguesa, «Cuidar da Vida até à Morte». Contributo para a reflexão ética sobre o morrer, publicada a 12 de novembro de 2009, in Documentos Pastorais, vol. VII, Lisboa 2002, 123-131.
2 João Paulo II, Carta encíclica Evangelium Vitae (25 de março de 1995), n. 65.
3 Também designada por “encarniçamento médico”.
4 João Paulo II, Carta encíclica Evangelium Vitae (25 de março de 1995), n. 65. 5 Ibidem.
6. Carta encíclica Spe Salvi (30 de novembro de 2007), n. 38. 4

sexta-feira, 8 de julho de 2016

Eutanásia fora de controlo na Bélgica, alerta especialista!


Directora do Instituto Europeu de Bioética espera que Portugal consiga travar a legalização da eutanásia.

 “Não tenho muito orgulho no meu país nesta matéria, mas estou aqui para vos contar a experiência de 14 anos da lei que permite a eutanásia na Bélgica”. Foi assim que Carine Brochier, directora do Instituto Europeu de Bioética, se apresentou no primeiro debate promovido pela recém-criada plataforma Pensar & Debater.

A Bélgica foi o segundo país europeu a legalizar a eutanásia, em 2002, um ano depois da Holanda. Em 2009 foi o Luxemburgo.

A ideia inicial das autoridades belgas era permitir um uso restrito e acabar com as eutanásias clandestinas. Em entrevista à Renascença, Carine Brochier diz que a realidade é diferente.

“Catorze anos depois vemos que não só continuam a existir eutanásias clandestinas, como também não se controla o que se passa, por exemplo, nas casas de repouso, nos hospitais e nas casas dos pacientes que pedem a eutanásia. É tão difícil controlar os termos da lei, por exemplo o sofrimento insuportável. Como querem controlar isso, é impossível”, afirma a directora do Instituto Europeu de Bioética.

À audiência presente no debate realizado na última semana deixou um apelo: transmitam aos políticos portugueses que esta não é uma situação sustentável.

Questionada sobre o que fazer, Carine Brochier frisou que é preciso estar informado e preparado para rebater a argumentação das pessoas que defendem a eutanásia.

“Em nome da minha autonomia e porque estou a sofrer, peço e tenho o direito de pedir ao meu médico que me mate? Não é assim. A pessoa é um ser de relações, não estamos sozinhos numa ilha. Temos uma família e todo um mundo à nossa volta que amamos e nos ama.”

Para Caroline Roux, da organização francesa SOS - Fin de Vie, “a morte tornou-se um assunto tabu e nem as famílias nem as sociedades actuais sabem como a acompanhar”.

Numa altura em que a questão da morte assistida já entrou no debate nacional, nomeadamente com a entrega no Parlamento de uma petição que defende a eutanásia, outro participante francês na conferência da plataforma Pensar & Debater, Tugdual Derville, da Alliance VITA, deixou o alerta: quando as pessoas resistem à palavra eutanásia, os seus defensores mudam para “ajuda a morrer”.

“O ano passado, na Bélgica foram declarados 2.021 casos. Começámos com 232 casos em 2003 e progressivamente, chegámos a mais de duas mil pessoas que pediram a eutanásia. Mas ainda muitos outros”, sublinha Carine Brochier que, sem querer arriscar números, aponta para mais um milhar de casos que os médicos não declararam.

Mas se na Bélgica existe uma lei que permite a eutanásia porque é que não declaram? Porque receiam estar fora da lei ou porque não foi o doente que pediu mas sim a família, diz a directora do Instituto Europeu de Bioética.

Há uma comissão de controlo, mas este é feito à posteriori. “E como a pessoa já está morta, não pode reclamar”. Por outro lado, a família não vai fazer um escândalo. “Se é uma avó de 85 anos e que ainda por cima tem problemas de demência, por exemplo, a família vai dizer que o melhor que lhe poderia acontecer era morrer. Mas acredito que o melhor que lhe poderia acontecer era ser acompanhada, por exemplo, num sistema de cuidados paliativos até à morte. Porque há coisas tão belas que se podem passar nos últimos momentos de vida”, defende Carine Brochier.

No dia 26 de Abril chegou ao Parlamento português uma petição com oito mil assinaturas em que defende a despenalização da morte assistida. A questão da eutanásia vai entrar no debate político mais cedo ou mais tarde, mas já entrou na discussão social.

Há muito pouca informação sobre os cuidados de fim de vida e o acesso aos cuidados paliativos. Para ajudar a formar opinião, a recentemente criada plataforma Pensar & Debater escolheu o tema da eutanásia para inaugurar a sua actividade. E convidou especialistas franceses e belgas para o debate “Eutanásia … uma questão de vida ou de morte”.



terça-feira, 17 de maio de 2016

O Mais Novo MILAGRE EUCARISTICO do mundo - Provado por teste de DNA


Aconteceu na Polónia, terra do Papa São João Paulo II, um sinal extraordinário da fé católica, um Milagre Eucarístico!
O fato foi reconhecido pelo Bispo da cidade polonesa de Legnica, Zibigniev Kiernikovski, em carta assinada de próprio punho no último dia 17 de abril.

O Bispo relata no documento que, na Solenidade de Natal de 2013, em uma paróquia de Legnica, "durante a distribuição da Sagrada Comunhão, uma Hóstia consagrada caiu ao chão e foi logo recolhida e depositada em um recipiente cheio de água", chamado de vasculum. "Pouco depois, apareceram manchas de cor vermelha". O então bispo do lugar "estabeleceu uma comissão para analisar o fenômeno", e esta "mandou recolher amostras a fim de que exames minuciosos fossem conduzidos por importantes institutos de pesquisa". A conclusão do caso, emitida pelo Departamento de Medicina Forense, foi a seguinte:

"Na imagem histopatológica verificou-se que os fragmentos de tecidos contêm partes fragmentadas de músculo estriado transversal. (...) O conjunto (...) se assemelha ao músculo cardíaco ao sofrer alterações que aparecem com frequência durante a agonia. Os estudos genéticos indicam a origem humana do tecido."

Neste ínterim, "um pequeno fragmento vermelho da Hóstia" já havia sido separado e colocado em um corporal. O bispo polonês também conta que já apresentou a questão ao Vaticano e, agora, "conforme recomendado pela Santa Sé", já está providenciando um local adequado para a exposição da milagrosa relíquia, "a fim de que os fiéis possam dar-lhe a devida adoração".
Este é o segundo milagre eucarístico que acontece em anos recentes na Polônia. O outro se deu em 2008, na cidadezinha de Sokólka, no nordeste do país.
É um grande sinal de Deus que confirma a fé católica na Eucaristia e na transubstanciação; doutrina de que, pelas palavras ditas por Jesus Cristo na Última Ceia e repetidas por um sacerdote validamente ordenado, o pão e o cálice de vinho que ele tem em suas mãos já não são mais pão, já não são mais vinho — transformam-se os dois no Corpo e Sangue do próprio Deus encarnado.

quinta-feira, 21 de abril de 2016

“Barrigas de aluguer” voltam à discussão no Parlamento

O Parlamento pode vir a legalizar a gestação de substituição em Portugal. O que é? Como e onde acontece? O que defende a Igreja?


Após vários adiamentos, está agendada para esta quinta-feira a votação das técnicas de fertilidade. O grupo de trabalho na Assembleia da República discute o alargamento das técnicas de procriação medicamente assistida (PMA) a todas as mulheres, independentemente de serem casadas, solteiras ou viúvas. Em discussão vai estar também a chamada gestação de substituição, também descrita pelos termos “barrigas de aluguer” ou “maternidade substitutiva”. As expressões são sinónimas e designam o mesmo acto.
Afinal, o que é que está em causa quando se fala de “barrigas de aluguer”?
O que é a "gestação de substituição"?
Vulgarmente conhecida por "barrigas de aluguer", a gestação de substituição é a situação em que uma mulher dispõe-se a estar grávida e a dar à luz uma criança que será criada para outros.

Em alguns países, é uma possibilidade nomeadamente para os casais em que a mulher não pode ter filhos biológicos (por sofrer de disformidade ou carência do útero, por exemplo).
Através de técnicas de procriação medicamente assistida, a parturiente recebe no seu útero um óvulo fecundado e gera uma criança. A criança, depois do parto, é entregue a outrem. A parturiente renuncia aos poderes e deveres próprios e característicos da maternidade.
Dependendo da legislação do país, a criança é adoptada ou registada em nome daqueles que contrataram a parturiente.

Como se processa?
Há um contrato com uma mulher disponível a ceder o seu útero. Processa-se através de técnicas de procriação medicamente assistida.

Existem dois grandes tipos de processos de gestação de substituição. No primeiro, a mulher que cede o útero e os seus gâmetas é inseminada artificialmente com o esperma do homem que contratou a parturiente. No segundo, no útero da parturiente são alojados embriões, fecundados in vitro, do casal que a contratou. É também prática comum, para ambos os casos, que óvulos e/ou esperma sejam provenientes de bancos de doação.
Como, quando e onde surgiu?
No ano de 1978 nasceu a primeira criança resultado de fertilização “in vitro”. Em 1980, no Michigan, EUA, um advogado, ligado a um centro de estudos clínicos sobre a infertilidade, escreveu o primeiro contrato de gestação de substituição. Em 1985, realizou-se, com sucesso, a primeira gravidez por gestação de substituição.

O que permite a actual legislação portuguesa?
Não é permitido recorrer à gestação de substituição. "São nulos os negócios jurídicos, gratuitos ou onerosos, de maternidade de substituição", diz a lei 32/2006, de 26 de Julho. "A mulher que suportar uma gravidez de substituição de outrem é havida, para todos os efeitos legais, como a mãe da criança que vier a nascer”, refere a lei.

Quem pratique ou leve outros a praticar a gestação de substituição arrisca-se a uma "pena de prisão até dois anos ou pena de multa até 240 dias", afirma.
Mas é permitido no estrangeiro?
Só numa minoria de países. Alguns países da União Europeia (UE), como Grécia, Bélgica, Reino Unido, Ucrânia e Dinamarca, permitem. É ainda possível recorrer à gestação de substituição na Rússia, Israel, Índia, Brasil, Canadá e alguns dos Estados Unidos da América, entre outros.

A Grécia é o país da UE com a legislação mais completa sobre o assunto. É o único que apresenta enquadramento jurídico sobre os direitos da parturiente e do casal que contrata.
No Reino Unido a gestação de substituição a troco de dinheiro é proibida e o assunto não pode ser levado a tribunal. Assim, a parturiente pode não cumprir o contrato sem que haja qualquer consequência judicial.
A Bélgica não proíbe, mas o contrato não é sustentado juridicamente. No registo da criança, no nome da mãe, consta o da parturiente.
Entre os países fora da Europa, a legislação é muito semelhante. A Índia é onde se registam mais casos de gestação de substituição. A legislação foi aprovada em 2012 e a prática é possível a troco de dinheiro e cuidados da parturiente. Facilidade logística e jurídica, baixo preço e intensivas campanhas de publicidade constituem os principais motivos que levam os estrangeiros a recorrer às barrigas de aluguer indianas.
O Brasil tem a particularidade de a parturiente ter de ser da família próxima (até ao segundo grau de parentesco) da mulher que a contratou. O contrato não pode envolver dinheiro.
O que defende a Igreja Católica?
É uma prática desonesta, defende a Igreja. "As técnicas que provocam a dissociação dos progenitores pela intervenção duma pessoa estranha ao casal (dádiva de esperma ou ovócito, empréstimo de útero) são gravemente desonestas”, diz o Catecismo da Igreja Católica.

E porquê? Na fertilização in vitro e na gestação de substituição, "o acto fundador da existência do filho deixa de ser um acto pelo qual duas pessoas se dão uma à outra, e remete a vida e a identidade do embrião para o poder dos médicos e biólogos”.
Explica o Catecismo que, nestes casos, é “instaurando o domínio da técnica sobre a origem e destino da pessoa humana. Tal relação de domínio é, de si, contrária à dignidade e à igualdade que devem ser comuns aos pais e aos filhos”.
Outros contributos para a compreensão do juízo da Igreja encontram-se nas Instruções da Congregação para a Doutrina da Fé "Donum Vitae", de 1987, e "Dignitas Personae", de 2008.
E o que diz a Igreja aos casais que sofrem o drama da infertilidade?
Prefira-se a adopção. A Igreja acentua o valor da dignidade humana de cada pessoa. E relembra que não existe o "direito ao filho" (“seria contrário à sua dignidade e à sua natureza”, diz a instrução "Donum Vitae"). O direito à maternidade ou à paternidade poderia constituir um projecto de realização pessoal, que vai contra o superior interesse da criança.